A INSURREIÇÃO DA CONSTANTE FLORINDA NAS SUAS DIVERSAS POSIÇÕES-SUJEITO

Resumo

Com o suporte teórico da análise do discurso de linha francesa, analisamos o efeito sujeito-discursivo na protagonista da narrativa portuguesa Infortúnios Trágicos da Constante Florinda (1625), de Gaspar Pires de Rebelo. Observamos as posições-sujeito donzela-peregrino para a protagonista Florinda, considerando os desdobramentos do sujeito-discursivo (SD). Inicialmente identificada com a formação discursiva (FD) das nobres donzelas, a culta e inteligente Florinda (SD1) era também destra nas artes, línguas estrangeiras, esgrima e equitação, circunstâncias que facilitaram a ruptura da FD anterior e o ingresso na dos aventureiros peregrinos. Inscrevendo-se na posição e na forma-sujeito correspondentes a esta nova FD, desaparece o SD1 e nasce o SD2, Leandro. Nesta posição-sujeito, ele protagoniza dois acontecimentos: um discursivo, ao desidentificar-se com a FD anterior, e um enunciativo, quando assume uma contraidentificação com a posição-sujeito herói, o qual é constatado nas alusões intertextuais explicitas ao herói Amadis de Gaula. Portanto, verificamos que nas suas distintas posições-sujeito, Florinda se insurge apresentando uma atitude reivindicativa e transgressora, dessa maneira ela representa uma renovação da figura feminina na literatura portuguesa seiscentista.