Alinhavos para refletir sobre os alcances necropolíticos na contemporaneidade
Resumo
Este artigo tem como objetivo discutir o conceito de necropolítica destacando a importância e as contribuições do mesmo para entender seus alcances na contemporaneidade brasileira. Está embasado teoricamente na noção de necropolítica, lançada por Achille Mbembe e para entender essa noção, foram utilizadas as ideias de biopoder e biopolítica, trabalhadas por Michel Foucault. Como estratégia de análise, lançamos mão de algumas pesquisas nacionais que utilizaram a noção de necropolítica para pensar os desdobramentos de uma política de extermínio operacionalizada por uma governamentalidade ditatorial, opressora, violenta, genocida e, sobretudo, racista. Os resultados direcionam que a necropolítica não funciona para todos, existe uma matriz central que enlaça essa produção de mortes em larga escala, as intersecções entre raça e classe.
Referências
AMPARO ALVES, J. Necropolítica racial: a produção espacial da morte na cidade de São Paulo. ABPN, Rio de Janeiro, v. 1, n. 3, p. 89 114, 2010 2011.
BERNARDINO-COSTA, Joaze; GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 15-24, 2016
BOTELLO, N. A.; PÉREZ, M.L. La pobreza como espacio de indeterminación: Un análisis desde la biopolítica. RIS, México, v. 68. n. 2, maio ago., 271 287, 2010.
BUTLER, J. Explicación y absolución, o ló que podemos escuchar. In: BUTLER, J. Vida precária. El poder Del duelo y La violencia. Buenos Aires: Paidós, 2009. p. 25--44, 2009.
BUTLER, J. Vida precária, vida digna de duelo. In: BUTLER, J Marcos de guerra. Las vidas lloradas. Barcelona: Paidós, 2010. p. 13--56.
CABRAL, Mariana P. G.; LIMA, Francisco A. C. de; LIMA, Raquel C. de; BOSI, Maria L. M. A cor da morte na pandemia de Covid-19: epidemiologia social crítica, interseccionalidade e necropolítica. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v.34, e34053, 2024.
CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de Racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.
COUTO, Aiala C. de O. Necropolítica e racismo na construção da cartografia da violência nas periferias de Belém. Revista USP, n.129, p.63-80, 2021.
DANTAS, Marianny N. P.; SILVA, Mercês de F. dos S.; BARBOSA, Isabelle R. Reflexões sobre a mortalidade da população negra por covid-19 e a desigualdade racial no Brasil. Saúde e Sociedade, v. 31, n. 3, e200667pt, 2022.
FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In: RABINOW, P.; DREYFUZ, H. Michel Foucault: uma trajetória filosófica (para além do estruturalismo e da hermenêutica). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 231 249.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. MACHADO, R. (Org.) 15. Ed. Rio de Janeiro: Graal, 2000.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
FOUCAULT, M. Segurança, território e população. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
GONZALEZ, Lélia. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos Rio Janeiro: Zahar, 2020.
HILÁRIO, L. Da biopolítica à necropolítica: variações foucaultianas na periferia do capitalismo. Sapereaude, Belo Horizonte, v. 7 n. 12, p. 194 210, Jan./Jun. 2016.
LUGONES, María. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, Heloisa B. (org.) Pensamento feminista hoje: perspectiva decoloniais. 1.ed. – Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2020, p. 52-83.
MAC GREGOR, H. C. Necropolítica: la política como trabajo de muerte. Ábaco. Revista de Cultura y Ciencias Sociales, n. 78, 2013, pp. 23 30.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política de morte. Traduzido por Renato Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018a.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Traduzido por Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1 edições, 2018b
MENEZES, R. A. Em busca da boa morte: antropologia dos cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Garamond, Fiocruz, 2004.
NASCIMENTO, Fernanda S.; COSTA, Mônica R.; CLEMENTE, Flávia da S. Articulando feminismo decolonial, interseccionalidade e educação popular em pesquisa com mulheres negras. Revista Interterritórios, v.9, n.18: e258944, 2023.
NASCIMENTO, Rebeca Ramany Santos. A construção do morto indigente no Instituto Médico Legal de Pernambuco: “afinal de contas de quem se trata?”. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Recife, 2019.
NOGUERA, R. Dos condenados da terra à necropolítica: Diálogos filosóficos entre Frantz Fanon e Achille Mbembe. Revista Latino americana do Colégio Internacional de Filosofia, n. 3. 2016.
OLIVEIRA, Roberta G. de; CUNHA, Ana P. da; GADELHA, Ana G. dos Santos; CARPIO, Christiane G.; OLIVEIRA, Rachel B. de; CORRÊA, Roseane M. Desigualdades raciais e a morte como horizonte: considerações sobre a Covid-19 e o racismo estrutural. Cad. Saúde Pública, v. 36, n. 9, 2020.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americana, p. 227-278. Buenos Aires: Clacso, 2005.
RIBEIRO JUNIOR, A. C. As drogas, os inimigos e a necropolítica. Cadernos do CEAS, Salvador, n. 238, p. 595 610, 2016
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Eletrônica Mutações - RELEM

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.