DOÑA MORALES: TENSÃO E PÓS-COLONIALIDADE NA OBRA DE ERASMO LINHARES

Autores

  • Alexandre da Silva Pimentel Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

DOI:

https://doi.org/10.29281/rd.v6i11.4095

Palavras-chave:

Pós-colonialidade; Discurso; América Latina; Colonização; Erasmo Linhares

Resumo

Em 1492, os conquistadores estrangeiros apareciam pela primeira vez no horizonte e davam início ao que viria a ser um dos pontos mais significativos na história deste continente: o “descobrimento”.  Este choque de culturas e temporalidades distintas será tomado como ponto referencial para o desenvolvimento de algumas reflexões sobre a relevância do discurso como instrumento de poder e dominação utilizada pelo Império ao longo do processo colonial. Tal processo exigiu das culturas colonizadas posturas que lhes possibilitassem continuar vivas no interior de um contexto hegemônico e aculturador. Nestas circunstâncias o discurso pós-colonial, em tensão com a retórica etnocêntrica do Império, vai buscar construir possibilidades capazes de resistir na esfera discursiva e subverter os temas, os mitos de poder, raça e subordinação sustentados pelo discurso de expansão imperial. Este artigo buscou analisar a natureza desta resposta pós-colonial e o modo como se configuram as representações de seus conflitos no texto de um autor oriundo de uma região historicamente marcada pela colonização, a saber, a Amazônia. A análise foca-se no conto Doña Morales, presente no livro O tocador de charamela (1979) do escritor amazonense Erasmo Linhares (1934-1999), e busca perceber como o discurso pós-colonial se articula no texto literário para estabelecer questionamentos às construções discursivas coloniais e, sob a égide destes questionamentos, responder a elas.

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Publicado

2018-06-01

Como Citar

Pimentel, A. da S. (2018). DOÑA MORALES: TENSÃO E PÓS-COLONIALIDADE NA OBRA DE ERASMO LINHARES. Revista Decifrar, 6(11), 96–112. https://doi.org/10.29281/rd.v6i11.4095