ASSOCIATIVISMO LOCAL E O ÊXITO FEMININO NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2020 NO BRASIL
MUNICÍPIOS PEQUENOS E COM BAIXO IDHM
DOI:
https://doi.org/10.21170/geonorte.2025.V.16.N.55.47.48Palavras-chave:
Organizações civis, Representação feminina, Igualdade de gênero, Política local, Efeito de arrasto de votosResumo
O presente estudo visa compreender se o associativismo local influenciou no sucesso eleitoral de candidatas aos cargos de vereadora e prefeita, nas eleições municipais de 2020, em municípios brasileiros de pequeno porte demográfico (até 15 mil habitantes) e com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Para tanto, esses municípios foram selecionados a partir dos bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), totalizando 747. A partir da base de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), foram identificadas as respectivas associações formalmente registradas e atuantes nas áreas de assistência social, religião, educação e saúde, referenciadas na literatura como de maior participação feminina. Foi calculada a medida da correlação de Spearman entre o número de vereadoras e o de prefeitas eleitas em 2020, e entre estes e a quantidade de associações formais vinculadas às mulheres. Os resultados obtidos indicam correlações fracas (rho de Spearman ≈ 0 e p-value > 0,05) para todos os pares testados, isto é, não foi observado correspondência entre o sucesso eleitoral de prefeitas e vereadoras, e vice-versa, bem como, de forma geral, o número dessas organizações civis não está relacionado com o sucesso das vereadoras e prefeitas eleitas.
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