NOTAS SOBRE A PRODUÇÃO DE SOJA E A DINÂMICA TERRITORIAL EM RORAIMA

Notes on soybean production and territorial dynamics in Roraima

Resumen

A expansão da soja em Roraima como vetor de reconfiguração produtiva e expressão de uma nova fase do capital agropecuário na Amazônia, faz emergir uma problemática que consiste na necessidade de compreender as múltiplas dimensões das transformações territoriais associadas. O objetivo deste artigo é discutir criticamente essas mudanças a partir da espacialização da produção de soja na malha municipal roraimense, com base em dados do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). O estudo fundamenta-se em levantamento de dados secundários quantitativos, como área plantada e produção, bem como qualitativos, relacionados às dinâmicas estruturais da produção agrícola. Os resultados demonstram que a expansão da soja em Roraima tem como paralelo a modernização produtiva e redefinição do uso do território. Observa-se o protagonismo do Estado na criação de condições materiais e normativas para a apropriação do espaço pelo agronegócio, contrariando a tese de que o avanço da soja se dá exclusivamente pela ação do setor privado. Esse modelo reitera padrões de reprimarização da economia brasileira e reforça a inserção subordinada do país no mercado global. Alto Alegre, Boa Vista, Cantá e Bonfim são os principais produtores de soja na malha municipal. Em 2004, ocorreu a introdução da sojicultura no estado de maneira mais substancial, com 12 mil hectares plantados. A partir de 2013, a atividade expandiu-se com o auxílio de políticas públicas e, em 2024, a soja representou 53% das exportações do estado.