Chamada Dossiê: Educação, Raça e Clima: conexões entre escola, território e crise climática
Proponentes:
Profa. Dra. Raimunda Kelly da Silva Gomes Profa. Dra. Renata Montechiare
Submissão: até 15 de fevereiro de 2026 Publicação: até 10 de junho de 2026
As intersecções entre educação, raça e clima emergem como campos centrais para a sociedade contemporânea, sobretudo diante do agravamento das desigualdades socioambientais, do racismo ambiental e do impacto sobre crianças e adolescentes nos territórios (ACSELRAD, 2004). Este dossiê temático propõe reunir investigações que explorem essas conexões em distintos contextos territoriais, com especial atenção às vozes e experiências de estudantes, educadores(as) — docentes, coordenadores(as) pedagógicos(as), diretores(as) — e comunidades.
Na Amazônia brasileira, a educação escolar indígena, quilombola, do campo, das águas e florestas tem aportado soluções contextualizadas e ancoradas nos saberes e recursos locais como forma de enfrentamento aos efeitos da crise climática (Silva, 2021, Diniz, 2022). Observamos que as escolas em territórios tradicionais enfrentam, de forma aguda, inundações atípicas, secas prolongadas, queimadas e perda de biodiversidade. Tais fenômenos impactam diretamente o cotidiano escolar, na aprendizagem, no trabalho docente e nas respostas oferecidas por meio das políticas públicas.
Contudo, é preciso ampliar o olhar. Convidamos pesquisas que contemplem diferentes biomas brasileiros — como o Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, os Pampas e a Mata Atlântica — e experiências internacionais, sobretudo do Sul Global, onde as populações racializadas também sofrem desproporcionalmente os efeitos da degradação ambiental, seja no campo ou na cidade. A noção de racismo ambiental, desenvolvida no Brasil por ACSELRAD (2004), ajuda a compreender como populações negras, indígenas e periféricas vivem nas zonas de maior risco e com menor acesso às políticas públicas de mitigação e adaptação climática.
Interessa-nos conhecer trabalhos que considerem o ponto de vista dos sujeitos escolares e da gestão pública sobre as transformações ambientais e seus reflexos no processo educativo. Como as escolas têm reagido ao aumento de eventos climáticos extremos? De que forma professores(as) e estudantes dialogam pedagogicamente com o território, os saberes locais e as transformações no ambiente? Como as políticas públicas educacionais incorporam — ou negligenciam — a crise climática em contextos racializados?
Referências como Freire (1996), Gadotti (2000) e Loureiro (2012) nos ajudam a compreender a educação ambiental como processo político e transformador, que vai além da mera transmissão de conteúdos. Já autoras como Nilma Lino Gomes (2012), Petronilha Gonçalves (2003), Rita Potyguara (2020), Kabengele Munanga (2004) e Gersen Baniwa (2013) destacam a centralidade das relações étnico-raciais na construção de uma educação antirracista e plural, em sintonia com as diretrizes da Lei 10.639/03 e da Lei 11.645/08. A articulação entre essas dimensões — ambiental e racial — é, ainda hoje, incipiente em muitas práticas escolares e acadêmicas, exigindo mais diálogos interdisciplinares e interterritoriais.
Este dossiê busca acolher abordagens teórico-metodológicas que valorizem a etnografia, a pesquisa colaborativa e os saberes territoriais como fontes legítimas de produção de conhecimento. Esperamos reunir contribuições que inspirem outras formas de ensinar e aprender em tempos de crise climática, reafirmando a centralidade da educação da trajetória de crianças, adolescentes e jovens.
Palavras-chave: Educação; raça; clima
Proponentes:
Raimunda Kelly da Silva Gomes Doutora em Educação pela Universidade Federal do Pará, Mestre em Biologia Ambiental e Graduada em Pedagogia pela mesma universidade. É Pró-Reitora de Extensão da Universidade do Estado do Amapá e líder do Grupo de Integração Socioambiental e Educacional (GISAE). Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amapá, tem experiência em pesquisa voltadas às questões socioambientais e educação do campo no estado do Amapá. rkellysgomes@yahoo.com.br http://lattes.cnpq.br/1668096856877502 https://orcid.org/0000-0003-4653-4000
Renata Montechiare Doutora e Mestre em Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bacharel em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense. Coordenadora do Programa Estudos e Políticas em Cultura e Diversidade da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais – Flacso Brasil, onde coordena http://lattes.cnpq.br/9735573124792202 https://orcid.org/0000-0003-2466-5843



















