ENTRE VOZES E FRONTEIRAS: TESTEMUNHO, RESISTÊNCIA E FORÇAS CENTRÍFUTAS NA NARRATIVA DE ELIANE POTIGUARA
BETWEEN VOICES AND FRONTIERS: TESTIMONY, RESISTANCE, AND CENTRIFUGAL FORCES IN ELIANE POTIGUARA’S NARRATIVE
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v13i26.17965Palavras-chave:
Literatura indígena, Eliane Potiguara, testemunho, teoria bakhtiniana, forças centrífugasResumo
A literatura é um espaço para a autoexpressão de grupos historicamente marginalizados, como os povos indígenas, permitindo que exponham sua visão de mundo sem a mediação do discurso científico e/ou institucional. Tendo isso em mente, o objetivo desse trabalho é analisar um recorte da obra O vento espalha minha voz originária, de Eliane Potiguara, considerada uma importante voz feminina e feminista na defesa dos direitos indígenas. O tema se justifica pela necessidade de maior destaque dos autores indígenas nas universidades, de modo que essa visibilidade possa ser estendida à educação básica e à sociedade como um todo. Foca-se aqui na tradição perpetuada pelas mulheres indígenas e no caráter testemunhal de seus relatos, além do processo pelo qual a literatura indígena, muitas vezes, conquista reconhecimento internacional antes de ser valorizada nacionalmente. Essa dinâmica é compreendida a partir das forças centrífugas de Bakhtin, que mostram como a difusão de discursos para diferentes esferas sociais e culturais impacta no seu reconhecimento e visibilidade. Amparado no movimento literário indígena contemporâneo e na perspectiva bakhtiniana, evidencia-se a construção de um eu-nós lírico-político que se manifesta como ativismo político e expressão cultural. Metodologicamente, o trabalho adota uma abordagem qualitativa e linguístico-discursiva, buscando contribuir para a visibilidade da literatura indígena e, mais especificamente, ressaltar a força da obra de Eliane Potiguara enquanto um espaço de interseção entre tradição, resistência e autoafirmação dos povos indígenas.
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