Nossos ancestrais praticavam sexo?

Diversidade sexual nos registros rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara-Piauí, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/233099.18.2-1

Palavras-chave:

Registros rupestres, Parque Nacional Serra da Capivara, Práticas sexuais, História Antiga do Brasil, Teoria Queer

Resumo

E como nossos ancestrais praticavam sexo? Como indicam os estudos já publicados na área, às práticas sexuais estavam inseridas no cotidiano dos povos que habitaram as terras brasilis muito antes dos anos de 1500. Os registros rupestres nos indicam que aquelas pessoas possuíam variadas práticas sexuais que pareciam ainda não reguladas e normatizadas como nos dias atuais, como atestam vários estudos ligados às perspectivas queer. Essas práticas incluíam sexo entre pessoas do mesmo sexo, sexo entre pessoas de sexos distintos, sexo de pessoas com animais, sexo grupal entre pessoas e sexo de adultos com crianças ou pelo menos na presença das crianças. Através de estudos no campo da antropologia e arqueologia, desenvolvidos, há mais de 10 anos no Parque Nacional Serra da Capivara, por Michel Justamand, e em contato com as pesquisas sobre gênero e sexualidade de Leandro Colling, entre os dias 29 de janeiro e
05 de fevereiro de 2018, foi organizada uma expedição ao parque, para visitação de sítios arqueológicos com registros de cenas de práticas sexuais e de reprodução. Assim, o presente estudo tem como objetivo apresentar notas preliminares sobre o que se revelou durante essa expedição, especialmente, no que tange as cenas de práticas sexuais. Na apresentação utilizaremos os registros fotográficos das cenas rupestres dos sítios arqueológicos visitados na expedição, que dialogam com os referenciais teóricos sobre as práticas sexuais na História Antiga do Brasil.

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Biografia do Autor

Antoniel dos Santos Gomes Filho, Universidade Federal do Ceará

Professor da Universidade Regional do Cariri - Campus Bárbara de Alencar (Campos Sales-CE). Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Tecnólogo em Gestão Comercial pelo Centro Universitário Dr. Leão Sampaio (UNILEÃO). Licenciado em Pedagogia pela Faculdade Kurios (FAK). Mestrando no Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável na Universidade Federal do Cariri (PRODER/UFCA) com fomento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Estudante vinculado ao Laboratório de Estudos Urbanos, Sustentabilidade e Políticas Públicas da Universidade Federal do Cariri (LAURBS/UFCA-CNPq). Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Biologia da Universidade Regional do Cariri (URCA-CNPq); do Grupo de Pesquisa sobre Contemporaneidade, Subjetividades e Novas Epistemologias da Universidade de Pernambuco; do Grupo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Educação, Linguagem e Práticas Sociais da Universidade Federal de Campina Grande (GIEPELPS/UFCG); e, do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Étnico-Raciais e Ensino de Ciências e Biologia (GEPRREC/UNIFESSPA). Áreas de investigação: Educação e Sexualidade em Espaços Rurais e/ou do Campo. Ensino de Ciências e Formação de Professores. Processos Migratórios no Brasil e América Latina. Sociologia e Antropologia do Gênero e das Relações Étnico-raciais no Brasil. Decolonialidade e Relações Brasil-África. História da Educação. História de Vida e (Auto)Biografia.

Leandro Colling, Universidade Federal da Bahia

Leandro Colling é graduado em Comunicação Social pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1996), mestre (2000) e doutor (2006) em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia. É professor titular do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) Professor Milton Santos (componente curricular Estudos das Subjetividades) e professor permanente do Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade (Pós-cultura), da Universidade Federal da Bahia. É um dos criadores e coordenadores do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades (NuCuS) e um dos criadores e editores da revista acadêmica Periódicus (A3), lançada em 2014. Presidiu a Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH) na gestão de 2011-2012 e foi coordenador do Pós-cultura durante 12/2021 a 12/2022 e vice-coordenador por três períodos (09/2018 a 08/2019, 07/2020 a 11/2021 e 06/2023 a 01/2025). É autor de vários artigos e capítulos de livros sobre as subjetividades e a representação de LGBTs na mídia, as temáticas LGBT e queer nos produtos culturais e nas artes e sobre políticas para o respeito à diversidade sexual e de gênero. É autor dos livros A vontade de expor - arte, gênero e sexualidade, Gênero e sexualidade na atualidade e Que os outros sejam o normal: tensões entre movimento LGBT e ativismo queer (traduzido e publicado, em 2019, na Espanha, pela Editora Egales) e organizador dos livros Stonewall 40 + o que no Brasil?, Estudos e políticas do CUS, Dissidências sexuais e de gênero e Artivismos das dissidências sexuais e de gênero, todos editados pela Editora da Universidade Federal da Bahia, e Arte da resistência, publicado pela editora Devires.

Michel Justamand, Universidade Federal do Amazonas

Professor Associado IV do Bacharelado em Antropologia, do INC, na UFAM. No dia 04 de setembro de 2025 completei, orgulhosamente, 30 anos como servidor público.

Gabriel Frechiani de Oliveira, Universidade Federal de Sergipe

Doutor em Arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe (2018) e Mestre em Antropologia e Arqueologia pela Universidade Federal do Piauí (2014). Possui uma formação multidisciplinar, incluindo graduações em História (UESPI, 2007), Filosofia (UNIFAVENI, 2024), Geografia (FAVENI, 2024), Letras Português e Inglês (UNIBTA, 2022), Ciências Sociais (FACULDADE EDUCAM, 2022), Gestão Ambiental (WYDEN, 2022), Pedagogia (INTERVALE, 2021) e Administração (UAPI, 2022), além de diversas especializações em áreas como Metodologia do Ensino, Gestão Ambiental, Educação Especial e Inclusiva, Neuropsicopedagogia, Psicopedagogia Clínica e Institucional, e Arqueologia e Patrimônio. Com experiência profissional, atuou como Professor Substituto e Coordenador do Curso de História na Universidade Estadual do Piauí (UESPI), e como Professor Bolsista em programas como Plataforma Freire e PARFOR, ministrando disciplinas de História e Introdução à Arqueologia. Possui experiência consolidada em docência, coordenação pedagógica e pesquisa, com foco em História, Arqueologia e Preservação Patrimonial, demonstrando capacidade de liderança e gestão educacional.

Vanessa da Silva Belarmino, Universidade Federal Vale do Rio São Francisco

Arqueóloga com ampla experiência em pesquisa, docência e gestão de projetos arqueológicos. Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual do Piauí (2013), graduação em Arqueologia e Preservação Patrimonial pela Universidade Federal do Vale do São Francisco Campus Serra da Capivara (2019) e mestrado em Arqueologia pela mesma instituição (2023). Atualmente, atua como arqueóloga coordenadora de campo. Ao longo de sua carreira, coordenou projetos em diversas empresas consolidadas de arqueologia no Brasil, liderando equipes em prospecção, resgate e monitoramento arqueológico. Também integra a equipe técnica do laboratório de paleontologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco Campus Serra da Capivara e desempenha atividades docentes como professora de patrimônio na Universidade Estadual do Piauí, além de ministrar disciplinas relacionadas à arqueologia, desenho e fotografia em diversas instituições de ensino. Colabora ainda como voluntária em projetos acadêmicos da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Sua trajetória acadêmica inclui pesquisa aprofundada sobre as pinturas rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara, com foco na análise iconográfica de cenas de caça. Essa investigação foi a base de sua dissertação de mestrado e resultou na publicação de diversos artigos em periódicos nacionais e internacionais, além do livro Caçadores da Pré-História. Possui experiência consolidada na área de arqueologia, abrangendo prospecção, escavação, resgate e conservação patrimonial. Participou de importantes projetos de impacto nacional, incluindo: Complexo Hidrelétrico de Belo Monte (PA) Atuação no resgate arqueológico na Floresta Amazônica, contribuindo para a mitigação dos impactos do empreendimento sobre o patrimônio cultural. Projetos Arqueológicos na Serra da Capivara (PI) Pesquisa e análise de pinturas rupestres, aprofundando o conhecimento sobre as manifestações culturais pré-históricas da região. Projeto de Monitoramento e Resgate Arqueológico em Silves (AM) Trabalhos realizados no município de Silves, próximo a Manaus, com enfoque na preservação de sítios arqueológicos na Amazônia. Diversos Projetos de Avaliação de Impacto e Resgate Arqueológico no Nordeste e Amazônia Atuação em estudos de impacto ambiental, prospecção sistemática e salvamento de sítios arqueológicos ameaçados por empreendimentos de infraestrutura. Seus principais interesses de pesquisa incluem multiplicidade sexual, pinturas rupestres e patrimônio cultural, com foco na preservação e interpretação dos vestígios arqueológicos em contextos de ocupação humana.

Referências

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Publicado

26-12-2018

Como Citar

GOMES FILHO, A. dos S.; COLLING, L.; JUSTAMAND, M.; OLIVEIRA, G. F. de; BELARMINO, V. da S.; SANTOS FILHO, M. R. dos. Nossos ancestrais praticavam sexo? Diversidade sexual nos registros rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara-Piauí, Brasil. Somanlu: Revista de Estudos Amazônicos, Manaus, v. 18, n. 02, p. 5–16, 2018. DOI: 10.29327/233099.18.2-1. Disponível em: //www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/somanlu/article/view/5068. Acesso em: 1 nov. 2025.

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