BALANÇO HISTORIOGRÁFICO SOBRE O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST

Autores

  • Roberto Medeiros UNIRIO
  • Karoline Martins Moreira Mestranda em História Social - UNIRIO

Resumo

O presente artigo busca apresentar um levantamento bibliográfico sobre a História do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, investigando a partir das Ciências Humanas, para que se compreenda quem constrói essa narrativa de memória e de que forma está sendo produzida. Durante a observação, percebeu-se que frequentemente a área da História recorre a outros campos para se aprofundar sobre a História do MST, como as Ciências Sociais e a Geografia, que têm seu olhar voltado para outra perspectiva, respectivas às suas áreas.
Partindo desse pressuposto, este trabalho procura compreender como tem sido a produção sobre a História do MST, considerando as referências bibliográficas e os usos teóricos metodológicos utilizados pelos autores. O levantamento se deu através da análise de cinco obras publicadas nos livros: Rompendo a Cerca, de Sue Branford e Jan Rocha, Pioneiros do MST, de Eduardo Scolese, História da Luta Pela Terra e o MST, de Mitsue Morissawa, A Formação do Mst no Brasil, de Bernardo Mançano e Pedagogia do Movimento Sem Terra, de Roseli Caldart.
Este artigo busca investigar como estas narrativas são construídas, através de quais fontes, quais metodologias e principalmente a partir de qual lente, hegemônica ou contra-hegemônica, destacando a trajetória do autor, e suas ligações com a produção acadêmica, informativa e/ou literária. Com o aprofundamento em diferentes campos de produção de conhecimento, seria possível achar um denominador comum?
Observou-se que o campo da História apresenta-se distante do tema, em especial, por ser recente. A dificuldade da historiografia em lidar com esse método de análise, mostra-se através deste levantamento bibliográfico. Entendemos que o campo da História do tempo presente tem uma parcela de importância para esses estudos; A partir disso, fizemos uma breve análise às teses e dissertações da CAPES, onde foi notado uma mudança de cenário nos últimos anos, mas que ainda sim, existe um cuidado ao tratar do assunto, tanto que as pesquisas não se mostram amplas, voltam-se para o recorte a partir de uma História Regional, resultando assim na ausência de estudos nacionais sobre o tema.
É imprescindível o olhar para o passado do MST visualizando as lutas que o antecederam, o contexto político que o Brasil se encontrava nas décadas de 1960 e 1970, anos fechados em uma ditadura civil militar. Para todos as obras foi necessário perceber o contexto social onde as pessoas, os trabalhadores sem terra, estavam envolvidos e vistos como sujeitos históricos. Pensar o MST, e outros movimentos sociais, é entender que neles há movimento real, e que há uma forma de agir que atravessa o indivíduo e a partir dele nasce um coletivo, que vive e pratica a ideologia que o construiu e que faz com que permaneça vivo e necessário.

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Publicado

2020-08-28