A COMÉDIA PALLIATA NA PERSPECTIVA NÃO-ARISTOTÉLICA DE FLORENCE DUPONT: A FUNÇÃO LÚDICA DO PRÓLOGO DE RUDENS E CAPTIVI
Palavras-chave:
Rudens; Captivi; Prólogo; Contexto Ritual; Ludus.Resumo
A comédia palliata (fabula palliata) é a comédia romana em que os atores principais usavam o pálio (pallium) e seus autores tinham como base textos da Comédia Nova grega (a Nea). Tais peças eram apresentadas nos jogos cênicos (ludi scaenici), em homenagem aos deuses. O presente artigo, que deriva da dissertação de mestrado de Oliveira (2022), investiga a função do prólogo das comédias Rudens e Captivi, de Plauto. Destaca-se a função lúdica dos prólogos ao evidenciar que a Comédia Nova romana é um teatro que foge aos parâmetros aristotélicos, mostrando-se como um teatro do jogo (ludus). Faz-se um breve panorama geral sobre o contexto cultural e religioso em que as comédias romanas se inseriam, visando elucidar que a performance era parte de um ritual; em seguida, realiza-se um estudo dos prólogos de Rudens e Captivi, focalizando as análises nas brincadeiras metateatrais e nas ironias, percebidas por meio de moralizações e sententiae (“sentenças” ou “máximas”, em português). Além da perspectiva teatral não-aristotélica de Dupont (2017), também auxiliam as análises as obras de Duckworth (1994) e Moore (1998) sobre a comédia romana, bem como Mora (2003) em suas reflexões sobre a ironia dramática. Esta pesquisa sobre os prólogos de Rudens e Captivi soma evidências à tese defendida por Dupont de que nada na comédia romana remete a Aristóteles. Além disso, as sententiae mostram-se como uma técnica específica procedente do jogo realizado com a dissimulação da moral; estes procedimentos, presentes nas duas comédias em tela, viabilizam a identificação das brincadeiras realizadas com o prólogo.
Downloads
Referências
CARDOSO, I. T. Ars plautina. 2005. 367f. Tese (Doutorado em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
CEBULSKI, M. C. Introdução à História do Teatro no Ocidente dos gregos aos nossos dias. Paraná: Editora Unicentro, 2012. Disponível em:http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/handle/123456789/910. Acesso em: 22 jan. 2022.
COSTA, A. Temas clássicos. São Paulo: Cultrix, 1978.
COSTA, L. N. Plauto e o triunfo da tragédia. Letras Clássicas, [s. l.], v. 18, n. 2, p. 88-101, 2014. DOI:10.11606/issn.2358-3150.v18i2p88-101. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/letrasclassicas/article/view/122520. Acesso em: 3 jul. 2022.
DUCKWORTH, G. E. The Nature of Roman Comedy: a study in popular entertainment. Oklahoma: University of Oklahoma Press, 1994.
DUPONT, F. Aristóteles ou o vampiro do teatro ocidental. Tradução de Joseane Prezotto et al. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2017.
FARIA, E. Dicionário escolar latino-português. 3. ed. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1962.
FARIA, J. R. (dir.). História do teatro brasileiro. São Paulo: Perspectiva: Edições SESCSP, 2012. v. 1.
GRIMAL, P. A civilização romana. Tradução de Isabel Aubyn. Lisboa: Edições 70, 2009.
MARSHALL, C. W. The stagecraft and performance of roman comedy. New York: Cambridge University Press, 2006.
MÉTRAUX, A. A religião dos Tupinambás e suas relações com a das demais tribus Tupi-Garanis. Prefácio, tradução e notas de Estevão Pinto. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1950. Disponível em: https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/40/1/267%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf. Acesso em: 22 jan. 2022.
MOORE, T. J. The theater of Plautus: Playing to the audience. Austin: University of Texas Press, 1998.
MORA, C. M. Ironia no Rudens de Plauto. Ágora. Estudos Clássicos em Debate, [s. l.], n. 5, p. 57-71, 2003. DOI: https://doi.org/10.34624/agora.v0i5.11495. Disponível em: https://proa.ua.pt/index.php/agora/article/view/11495/7533. Acesso em: 27 jun. 2022.
OLIVEIRA, R. F. O lugar da moral na comédia plautina: um estudo sobre as sententiae em Rudens. 2022. 129 f. Dissertação (Mestrado em Letras – Estudos da Linguagem) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2022.
PLAUTUS. Amphitruo. Edited by D. M. Christenson. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Rodrigo Felipe Ramos Oliveira, Grace dos Anjos Freire Bandeira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todos os artigos desta revista obedecem a licença Creative Commons - Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).