Auto do Círio, um ensaio etnofotográfico em Belém do Pará

Autores

  • Liuzelí Abreu Caripuna Universidade do Estado do Pará
  • Laís Barbosa Freire
  • Willa da Silva dos Prazeres
  • Edyrlli Naele Barbosa Pimentel
  • Manoel Tavares de Paula

DOI:

https://doi.org/10.29327/217579.6.2-16

Palavras-chave:

Círio de Nazaré, Teatro de Rua, Espetáculo

Resumo

O Auto do Círio é uma manifestação cultural que tem como tema principal o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. O Círio de Nazaré, considerado atualmente como uma das maiores manifestações religiosas do Brasil, é celebrado desde 1793 na cidade de Belém do Pará, atraindo inúmeros fiéis por ano às ruas da cidade (BRÍGIDA, 2008). O Círio contempla inúmeras celebrações para homenagear a Virgem de Nazaré, padroeira do Estado (IPHAN, 2017). Para Pantoja e Maués (2008), a Círio se configura em uma expressão de sentido amplo, que envolve eventos e celebrações que constituem a Festa de Nazaré, tais eventos começam muito antes do cortejo principal e, se estendem por vários dias após a celebração.

Figueiredo (2005) em seu livro “Círio de Nazaré: festa da paixão” expõe que um conjunto de eventos convergem para o Círio, eventos que unem o sagrado e o profano, apesar de contraditórios se completam e resultam numa grandiosa festa religiosa, um limiar entre o sacro e o laico, natural e sobrenatural. É no mês de outubro, no segundo domingo que a cidade de Belém se veste de Círio, tudo gira em torno desse evento, tanto nos espaços públicos como privados, principalmente, o comércio local, por conta da quantidade de turistas que chegam à cidade, a maioria oriundo dos interiores do estado, os quais além de aproveitar a festa também comercializam seus artesanatos.

É no mês de outubro que a cidade se veste com um turbilhão de cores, formas, texturas, sabores e símbolos, tudo vira Círio, nossa Senhora está em todos espaços, sejam eles sagrados ou comuns. A Festa de Nossa Senhora de Nazaré é uma festa de múltiplos simbolos e significados, para além da religiosidade, é uma manifestação cultura e social, da identidade amazônica, com aspectos tipicos do catolicismo popular amazônico, com memórias e tradições inraizadas na vida e nas práticas culturais do povo nazareno (SOUZA, MOURA, 2015).

Nesse sentido, pode-se dizer que para o povo paraense existe inúmeras maneiras de manifestar a fé à “Nazica”, como é carinhosamente chamada por seus devotos. E uma das manifestações é Auto do Círio, caracterizado como um cortejo dramático, concebido em 1993 pelos professores Marco Ximenes, Zélia Amador de Deus e Margareth Refskalefsky e organizado, atualmente, por professores da Universidade Federal do Pará, através da Escola de Teatro e Dança da UFPA – ETDUFPA, com objetivo de criar um espetáculo em que os artistas pudessem homenagear a Virgem de Nazaré, através do Teatro de Rua (BRÍGIDA, 2008; MOREIRA, 2012). O Auto do Círio é um Patrimônio, um bem imaterial associado ao Círio de Nazaré, reconhecimento dado pelo IPHAN em 2004 (BITTENCOURT, 2018).

Para Brígida (2008), o cortejo é um espaço em que vem se destacando a comunhão entre os artistas de Belém e as expressões artísticas promovendo a prática das artes pensadas na academia, assim como, a integração do teatro, dança e música. É um espetáculo que manifesta a relação entre sagrado e profano, em que se inicia com uma grande procissão e, posteriormente, se transforma numa festa de carnaval (MATIAS, 2017). Ou seja, o “Auto do Círio é a homenagem dos artistas da cidade, através das mais diversas linguagens, em forma de cortejo dramático carnavalizado, para à Virgem de Nazaré” (MOREIRA, 2012, p. 20). Com base no exposto, este ensaio etnofotográfico tem como objetivo expor as manifestações ocorridas no Auto o Círio no ano de 2019, antes de ser suspenso devido a Pandemia do Covid-19 que assolou o mundo. Nos anos seguinte, até o ano atual (2021), o Auto tem tido suas apresentações em formato online.

 

Referências

BITTENCOURT, Nicolle Manuelle Bahia. Auto do Círio: a organização da informação sobre um patrimônio construído pela Universidade Federal Do Pará. 2018. Disponível em: http://bdm.ufpa.br. Acessado em: 22 out. 2021.

BRÍGIDA, Miguel Santa. O Auto do Círio: festa, fé e espetacularidade. In: Textos escolhidos de cultura e arte populares, v. 5, n° 1. Rio de Janeiro: p. 35-48, 2008.

FIGUEIREDO, Silvio Lima (org.). Círio de Nazaré: festa e paixão. Belém: EDUFPA, 2005.

MATIAS, Ana Rita. Círio de Nazaré: uma parada na vida. Revista AntHopológicas Visual, v. 3, coleção 1, n. 1. Recife: 2017.

MOREIRA, Francisco Edilberto Barbosa. Três vestidos fazem pra se apresentar: um estudo sobre o vestir no espetáculo O Auto do Círio. Dissertação de Mestrado. Pará: PPGARTES/UFPA, 2012.

PANTOJA, Vanda; MAUÉS, Raymudno Heraldo. O Círio de Nazaré na Constituição e Expressão de uma identidade Amazônica. Espaço e Cultura, n. 24. Rio de Janeiro: UERJ, jul./dez., 2008. pp. 57-68.

SOUZA, José Antônio Cardoso de; MOURA, Simone de Oliveira Moura. Auto do Círio, uma experiência de inclusão por meio da arte na Escola Vera Simplício. 2015.Disponível em: http://faeb.com.br/admin/shared/midias/1466123606.pdf. Acessado em: 22 out. 2021.

Downloads

Publicado

2022-07-20