Perspectivas decoloniais sobre o Monumento ao Garimpeiro em Boa Vista-RR

Autores

  • Angélica Pereira Triani Universidade Federal de Roraima https://orcid.org/0000-0001-9739-1172
  • Amarildo Ferreira Júnior Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima – IFRR
  • Francilene dos Santos Rodrigues Universidade Federal de Roraima

DOI:

https://doi.org/10.29327/217579.8.1-7

Palavras-chave:

Decolonialidade, Monumento, Garimpo, Boa Vista-RR

Resumo

Por muitos anos a história foi contada pela perspectiva dos vencedores. Um dos instrumentos utilizados para essa narrativa são os monumentos, que geralmente visam homenagear um povo, um feito histórico, uma divindade ou qualquer outro elemento que seja importante na história local. Esses elementos se encontram, na maioria das vezes, inseridos no meio urbano. A proposta deste trabalho é entender como essa inserção pode gerar narrativas dentro da cidade e como ela se relaciona com o espaço. Pretende-se analisar, também, a necessidade de novos e outros olhares para monumentos através de debates decoloniais. Essa construção se dá no âmbito de Boa Vista, capital do estado de Roraima, que foi marcado pela atividade garimpeira e pela exploração dos povos indígenas. Por esse motivo, a análise gira em torno do Monumento ao Garimpeiro, localizado no núcleo urbano da capital. A metodologia empregada parte de uma abordagem etno-histórica, que dialoga com referências bibliográficas principais acerca do tema. O objetivo foi levantar questionamentos e percepções críticas sobre a simbologia desse monumento em Boa Vista e despertar a proposta de ressignificação sob outros olhares.

Biografia do Autor

Angélica Pereira Triani, Universidade Federal de Roraima

Mestranda no curso de Pós-Graduação em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) da Universidade Federal de Roraima (2022-2024), com tema de pesquisa sobre uma perspectiva decolonial para o traçado urbano. Professora Substituta de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Roraima - UFRR (2021-2022). Vice Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil - Roraima (IAB-RR), com mandato de 2021 a 2023. Arquiteta e Urbanista, graduada pela Universidade Federal de Roraima (2020), com interesse e projetos na área de arquitetura com bambu. Pesquisa temas relacionados a: decolonialidade no plano urbanístico de Boa Vista - RR, arquitetura bioclimática, arquitetura indígena, estruturas de bambu e madeira, arquitetos pioneiros no Estado de Roraima, áreas verdes e qualidade ambiental.

Amarildo Ferreira Júnior, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima – IFRR

Amazônida, nasceu em 1987, em Belém (Pará), e desde 2016 vive em Boa Vista (Roraima), no extremo norte do Brasil. Pai de Antônio Diadorim (Diá) e Fidel Lekan é professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima - IFRR, onde também é Diretor do Departamento de Políticas de Pesquisa e Pós-Graduação, docente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública e coordenador do Grupo de Pesquisa em Etnopolítica, Pensamento Administrativo e História do Estado e das Instituições - Epahei. É docente do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Doutor em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental, pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA), com estágio Estudiante Tesista de Postgrado no Laboratorio de Procesos Etnopolíticos y Culturales do Centro de Antropologia do Instituto Venezolano de Investigaciones Científicas (IVIC). Mestre em Planejamento do Desenvolvimento (NAEA/UFPA) e bacharel em Administração pela Faculdade Ideal - FACI, atual Faci Wyden, com Certificação de Qualidade pela Fundação Getúlio Vargas - FGV. Membro do Observatório do Mundo do Trabalho (OMT) do IFRR, da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), da Associação Brasileira de História Oral (ABHO), da Associação Nacional de História (ANPUH), da Red de Patrimonio de Venezuela (REDpatrimonio.VE) e da Rede de Pesquisadores de Turismo, Patrimônio e Políticas Públicas da Pan-Amazônia (TPP - PAN-AMAZÔNIA). Estuda Kimbundu aos sábados e fabula sobre o silêncio o restante da semana. Temas de interesse: festas, patrimônio imaterial, Venezuela (política, imaginário e realidade), teoria crítica racial, vida associativa, administração politica, campos de produção das culturas e suas arenas públicas, espaço público e produção social da cidade, história oral, e gestão e planejamento do turismo na Amazônia.

Francilene dos Santos Rodrigues, Universidade Federal de Roraima

Doutora em Ciências Sociais, pela UnB/ Programa de Pós-graduação em Estudos Comparados sobre as Américas (CEPPAC). Pos-Doutora na Universidad de Huelva/Espanha ( CIM. Centro de Investigacion en Migraciones)Professora nos Programas de Pós-Graduação Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) e Recursos Naturais (PRONAT). Coordenadora do Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Fronteiras (GEIFRON/UFRR). Atua nas linhas de pesquisa:
1) Deslocamentos Populacionais, Gênero e Identidade; 2) Gênero e violência; 3) Mineração e Dinâmicas Socioculturais e Ambientais nas Amazônias.

Referências

ALMA PRETA JORNALISMO. Por que queimar a estátua do Borba Gato? com Paulo Galo, o Galo de Luta. YouTube, 5 de set. de 2022. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bt-lyU4hTCE. Acesso em: 22 ago. 2023.

ALMEIDA, Isis Rafânia Souza de; SANTOS, Geraldo Mendes dos; ZUANON, Jansen. Composição e estrutura trófica de assembleias de peixes em veredas de buritizais, no período de estiagem, no Lavrado de Roraima, Brasil. Biota Amazônica, Macapá, v. 11, n. 2, pp. 43-52, 2021. Disponível em: http://periodicos.unifap.br/index.php/biota. Acesso em 22 ago. 2023.

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, nº11. Brasília, maio - agosto de 2013, pp. 89-117. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-33522013000200004. Acesso em: 24 abr. 2022.

BARBOSA, Arthur Gomes; GOMES, Ana Lúcia de Abreu. Pela necessidade da ressignificação: o uso de monumentos como suporte para manifestações artísticas, sociais e comunicacionais. Revista Confluências Culturais, v. 10, n. 3, 2021.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito da História. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. pp. 222- 232.

BRASIL. Projeto de Lei nº 191/2020. Regulamenta o § 1º do art. 176 e o § 3º do art. 231 da Constituição para estabelecer as condições específicas para a realização da pesquisa e da lavra de recursos minerais e hidrocarbonetos e para o aproveitamento de recursos hídricos para geração de energia elétrica em terras indígenas e institui a indenização pela restrição do usufruto de terras indígenas.

BURITY, Joanildo; GIUMBELLI, Emerson. Minorias Religiosas: identidade e política em movimento. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, v. 40, n. 1, pp. 9-17, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rs/a/3tx48FbntsYHp3mqvC3SmGd/?lang=pt. Acesso em 28 ago. 2023.

C NDIDO, Francisco. A Importância dos Símbolos e Monumentos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 2022. Disponível em: https://www.folhabv.com.br/colunas/a-importancia-dos-simbolos-e-monumentos-390/. Acesso em: 28 ago. 2023.

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Trad. Claudio Willer; Ilust. Marcelo D’Salete; Cronol. Rogério de Campos. São Paulo: Veneta, 2020.

CHOAY, Françoise. Alegoria do patrimônio. Trad. Teresa Castro. Lisboa: Edições 70, 2014.

CHOAY, Françoise. O patrimônio em questão: antologia para um combate. Trad. João Gabriel Alves Domingos. Belo Horizonte: Fino Traço Editora, 2011.

FARAGE, Nádia. As Muralhas dos sertões: os povos indígenas no rio Branco e a colonização. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1991.

FARIAS, Maria. Valdira de Azevedo; VERAS, Ana Sibelonia Saldanha; SANTOS, Antônio Pedro Rodrigues dos. Ocupação humana e a transformação no meio ambiente na Serra do Tepequém, Roraima. Bol. Mus. Int. de Roraima, v. 7, n. 1, pp. 8-13, 2013.

FERREIRA JÚNIOR, Amarildo. Organização social e política do patrimônio cultural: atos, usos e apropriações. In: BAHIA, Mirleide Chaar; TAVARES, Maria Goretti da Costa; FIGUEIREDO, Silvio Lima. (Org.) Turismo, lazer e patrimônio na Pan-Amazônia. Belém: NAEA, 2022. pp. 63-76.

FREITAS, Aimberê. Geografia e História de Roraima. Boa Vista: IAF, 2021.

FUCHS, Peter R. et al. Del arcaico al formativo temprano: las investigaciones en Sechín Bajo, Valle de Casma. Boletín de Arqueología PUCP, n. 13, pp. 55-86, 2009. Disponível em: https://revistas.pucp.edu.pe/index.php/boletindearqueologia/article/view/983. Acesso em: 23 ago. 2023.

G1 RR. Monumento ao Garimpeiro é alvo de pichação em Boa Vista. G1 Roraima, Boa Vista, 08 jun. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2020/06/08/monumento-ao-garimpeiro-e-alvo-de-pichacao-em-boa-vista.ghtml. Acesso em: 06 set. 2023.

LEIROS, Marcela. Em Boa Vista, mulheres indígenas tingem escultura em protesto contra o garimpo. Revista Cenarium, Boa Vista, s.p, 9 abr. 2022. Disponível em: https://revistacenarium.com.br/em-boa-vista-mulheres-indigenas-tingem-escultura-em-protesto-contra-o-garimpo/. Acesso em: 06 set. 2023.

QUIJANO. Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In LANDER, Edgardo (org) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Coleccion Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autônoma de Buenos Aires, Argentina. setembro 2005. Pp. 107-130. Disponível em: http://www.clacso.org.ar/biblioteca. Acesso em: 27 abr. 2022.

IUBEL, Aline Fonseca. Terras de Ouro: Narrativas e experiências indígenas e não indígenas acerca do garimpo de ouro na Amazônia Brasileira. Anuário Antropológico, v. 45, n. 1, 2020, pp. 289-305.

RAMALHO, Paulina Onofre. Lugar de Memória: o plano urbanístico de Boa Vista/Roraima. Dissertação de Mestrado Profissional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Rio de Janeiro, 2012, 97 p.

RAMALHO, Yara; OLIVEIRA; Valéria. Governador de Roraima sanciona lei que proíbe destruição de equipamentos de garimpeiros. G1 Roraima, Boa Vista, 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2022/07/05/governador-de-roraima-sanciona-lei-que-proibe-destruicao-de-equipamentos-de-garimpeiros.ghtml. Acesso em: 03 ago. 2022.

RAMOS, Alan Robson Alexandrino.; OLIVEIRA, Keyty Almeida de; RODRIGUES, Francilene dos Santos. Mercúrio nos Garimpos da Terra Indígena Yanomami e Responsabilidades. Revista Ambiente e Sociedade. v. 23, São Paulo, 2020.

RAMOS JR., Dernival V. Encontros epistêmicos e a formação do pesquisador em História Oral. História Oral, v. 22, n. 1, p. 359-372, jan./jun. 2019.

RAPPAPORT, Joanne. Más allá de la escritura: la epistemología de la etnografía en colaboración. Revista Colombiana de Antropología, v. 43, jan.-dez. 2007, p. 197-229.

ROGRIGUES, Francilene dos Santos. Garimpagem e mineração no norte do Brasil. Manaus: EDUA, 2017.

RORAIMA. Lei Ordinária Nº 1.701 de 05 de julho de 2022. Dispõe sobre a proibição aos órgãos ambientais de fiscalização e à Polícia Militar do Estado de Roraima de destruir e inutilizar bens particulares apreendidos nas operações/fiscalizações ambientais no estado e dá outras providências.

RORAIMA. Estudos Temáticos do Diagnóstico Socioeconômico para o Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de Roraima (ZEE-RR). Boa Vista: Governo de Roraima, 2017. Disponível em: https://zee-rr.institutopiatam.org.br/wp-content/uploads/2022/03/Diagnostico-Socioeconomico-1.pdf. Acesso em: 04 set. 2023.

SANTOS, Adriana Gomes. Garimpeiros, quando a “cobra tá fumando”: condições de vida e de trabalho nos garimpos em Roraima (1975-1991). Dissertação de Mestrado em História, Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Uberlândia, 2013, 160 p.

SANTOS, Raimundo Nonato Gomes dos. Entre cultura política, memórias e política de identidade: sujeitos históricos em ação – Boa Vista – Roraima (1970-1980). Tese de Doutorado em História Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, São Paulo, 2015, 342 p.

SOUZA, Felipe Melo de. A forma urbana do centro de Boa Vista/RR a partir das influências do primeiro Plano Urbanístico. Dissertação de Mestrado em Geografia, Universidade Federal de Roraima – UFRR, Boa Vista, 2015, 105 p.

SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL. STF derruba lei de Roraima que proibia destruição de bens apreendidos em operações ambientais. Portal do STF, 22 fev. 2023. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=502827&ori=1. Acesso em: 11 set. 2023.

TODOROV, Tzvetan. A Conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

VERAS, Antonio Tolrino de Rezende. A produção do espaço urbano de Boa Vista – Roraima. Tese de Doutorado em Geografia Humana, Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 2009, 235 p.

Downloads

Publicado

2023-09-30