CHAMADA PARA SUBMISSÕES - Dossiê Temático: Por entre caminhos e encruzilhadas: abordagens antropológicas sobre movimento, circulação e trajetórias de seres, pessoas, bens e formas de pensamento

30-10-2025

Submissões: 01 de novembro de 2025 a 28 de fevereiro de 2026.

É na encruzilhada que encontra-se o ponto de partida para uma antropologia dos caminhos. Desde uma perspectiva antropológica, uma encruzilhada pode ser entendida como um espaço ou momento de contato entre diferentes dimensões da vida ou mesmo entre mundos distintos. Articulando múltiplas possibilidades, a noção de encruzilhada aviva a percepção acerca de convergências, dissidências e diálogos, sejam estes potenciais ou manifestos. Acreditamos que o rendimento de uma antropologia dedicada a pensar os caminhos está, justamente, em sua capacidade de conectar, relacionar e percorrer diversos temas, tradições e paisagens, nos quais seres, pessoas, saberes e objetos se movimentam, circulam, se encontram e se perdem.

Do urbano às florestas; de territorialidades multiespécies às rotas de circulação de mercadorias; dos varadouros e igarapés às encruzilhadas exuísticas. Entendemos também que os caminhos são de muitas valências e escalas. Há aqueles de resistência, de produção da diversidade e proliferação de mundos possíveis. Redes de trocas de sementes; as estradas, ruas, vias e porteiras exuísticas; os caminhos das matas, de manejo e circulação de conhecimentos; caminhos ancestrais reativados; caminhos que conectam parentes, aliados, espíritos, vivos e mortos. Mas, por outro lado, não podemos ignorar os caminhos abertos pelos processos de colonização, dispersores do pensamento monocultural, agropecuário e religioso, como as BRs e os ramais da grilagem. Tampouco as rotas do crime organizado, do narcotráfico e da mineração.

Nesse sentido, a intenção deste dossiê é reunir pesquisas que se engajam em etnografias sobre caminhos com o objetivo de propiciar um debate antropológico que verse sobre essa categoria em sentido amplo, metafórico ou não. Assim, buscamos reunir artigos, entrevistas, mapas e/ou ensaios visuais que versem sobre: técnicas de caminhar e abrir caminho; circulação de saberes, bens e pessoas; movimento, percepção e engajamento com o ambiente; relatos e narrativas de viagens, expedições e caminhadas; territórios e territorialidades; migrações e práticas de mobilidade; trajetórias coletivas; encontros de mundos; caminhos
simbólicos, abstratos e/ou geográficos; processos de transformação.

Convidamos especialmente autores negros/as, periféricos, indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais, bem como das regiões Norte e Nordeste do país para compor esse dossiê.

Organização: 

Mario de Azevedo Brunoro (PPGAS/UFAM)

Mariana Spagnuolo Furtado (PPGAS/UFSC)