COMO CONCEBEM O AUTISMO NO ESPECTRO DE PUBLICAÇÕES DO ENSINO EM CIÊNCIAS?

Autores

Palavras-chave:

Transtorno do Espectro Autista, Deficiência, Educação científica, Inclusão escolar

Resumo

Com este artigo pretendemos colocar em tela como o diagnóstico de autismo e as pessoas com essa condição são mencionadas em pesquisas de nossa área de atuação: o ensino em ciências. Dessa forma, tivemos como objetivo investigar as concepções de autismo apresentadas em artigos científicos nacionais e internacionais em aulas de ciências inclusivas com estudantes no espectro do autismo. O período de busca dos dados abrangeu desde o período do diagnóstico inicial de autismo de 1943 por Leo Kanner até o final do ano de 2022. Para a pesquisa e análise crítica do levantamento bibliográfico tomamos como base os pressupostos teóricos e metodológicos da Teoria Histórico-Cultural. Identificamos trabalhos que se referem a estudantes autistas, mas não mencionam nenhuma singularidade ou direcionamento que justifique o foco da pesquisa. Já, em trabalhos que explicam o autismo, percebemos uma predominância, em especial nas publicações internacionais, de uma visão do modelo médico de deficiência. Alguns trabalhos nacionais destacaram-se por apresentar o autismo a partir de dimensões mais amplas, histórico-culturais. Por fim, defendemos que, decididamente, a dificuldade de comunicação não é apenas de pessoas com autismo, muito pelo contrário, é de toda uma sociedade que precisa aprender a melhor se relacionar, a conversar com as diferentes formas de ser e manifestar-se, superar atitudes discriminatórias, preconceitos, estigmas e exclusões.

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Biografia do Autor

Dra. Joanna de Paoli, Secretaria de Educação do Distrito Federal

Professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) desde 2014. Doutora em Educação em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências da Universidade de Brasília (UnB) desde 2023. Mestre em Ensino de Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências da UnB desde 2015. Especialista em Psicomotricidade Clínica e Escolar (IEPSE) desde 2018 e Especialista em Educação Inclusiva, Neuroeducação e Psicopedagogia (UNINASSAU) desde 2023. Licenciada em Química pela UnB desde 2009. Integrante do Grupo de Pesquisa "Ciência, Tecnologia em Contexto (CiTeCo/CNPq)" na Linha de Pesquisa "A Educação Científica como ferramenta de transformação social", do Grupo de Estudos, Pesquisa e Formação Continuada para Modalidades da Educação Básica (GEPGEMEB) e do "Círculo Vigotskiano - Grupo de Estudos em Teoria Histórico-Cultural". Atualmente, formadora-pesquisadora na Escola de Formação Continuada (EAPE-SEDF) com foco nos temas de autismo, inclusão e educação especial. 

Dra. Patrícia Fernandes Lootens Machado, Universidade de Brasília

Para chegar a Professora Titular no Instituto de Química da Universidade de Brasília - IQ/UnB - (2010 - atual), tornei-me Bacharel em Química pela Universidade Federal do Ceará (1987), Mestre (1990) e Doutora (1997) em Ciência de Materiais pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Comecei minha carreira como professora substituta no IQ/UFRGS em 1996. Após concurso em 1997 passei a incorporar o quadro de professora permanente no Departamento de Química Inorgânica e Analítica da UFRGS (1997 2010). Também fui docente em Exercício Provisório da Universidade de Brasília (2001-2003 e 2006-2010) e do Departamento de Química Inorgânica na Universidade Federal Fluminense (2004-2005). O trabalho como professora-pesquisadora na Divisão de Ensino de Química (DEQ) do IQ/UnB, levou-me ao pós-doutorado em Educação Química (ano sabático) na Catholic University of America (CUA) em Washington, DC, EUA (2014-2016). No IQ/UnB, já estive: Coordenadora do Curso de Licenciatura (2010-2012); Coordenadora da DEQ (20132014); Coordenadora de área do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) do curso de Licenciatura em Química (2014); Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências (2017-2021) e Coordenadora de Extensão do IQ/UnB (2023 - atual). Sou líder do Grupo de Pesquisa Ciência Tecnologia em Contexto (CiTeCo/UnB) e pesquisa sobre Educação Científica, com ênfase no ensino-aprendizagem de Química e de Ciências; Educação CTS; Questões Sociocientíficas; Formação Inicial e Continuada de Professores de Ciências. Coordeno dois Projetos de Extensão de Ação Continua, que objetivam contribuir com a formação de professores e estudantes, bem como divulgar o conhecimento científico para o público leigo.

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Publicado

2025-11-03