COMO CONCEBEM O AUTISMO NO ESPECTRO DE PUBLICAÇÕES DO ENSINO EM CIÊNCIAS?
Palavras-chave:
Transtorno do Espectro Autista, Deficiência, Educação científica, Inclusão escolarResumo
Com este artigo pretendemos colocar em tela como o diagnóstico de autismo e as pessoas com essa condição são mencionadas em pesquisas de nossa área de atuação: o ensino em ciências. Dessa forma, tivemos como objetivo investigar as concepções de autismo apresentadas em artigos científicos nacionais e internacionais em aulas de ciências inclusivas com estudantes no espectro do autismo. O período de busca dos dados abrangeu desde o período do diagnóstico inicial de autismo de 1943 por Leo Kanner até o final do ano de 2022. Para a pesquisa e análise crítica do levantamento bibliográfico tomamos como base os pressupostos teóricos e metodológicos da Teoria Histórico-Cultural. Identificamos trabalhos que se referem a estudantes autistas, mas não mencionam nenhuma singularidade ou direcionamento que justifique o foco da pesquisa. Já, em trabalhos que explicam o autismo, percebemos uma predominância, em especial nas publicações internacionais, de uma visão do modelo médico de deficiência. Alguns trabalhos nacionais destacaram-se por apresentar o autismo a partir de dimensões mais amplas, histórico-culturais. Por fim, defendemos que, decididamente, a dificuldade de comunicação não é apenas de pessoas com autismo, muito pelo contrário, é de toda uma sociedade que precisa aprender a melhor se relacionar, a conversar com as diferentes formas de ser e manifestar-se, superar atitudes discriminatórias, preconceitos, estigmas e exclusões.
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