Uma reflexão crítica sobre o impacto ontológico da integração da tecnologia na vida cotidiana

Resumo

O presente estudo aborda a interseção entre a fenomenologia de Martin Heidegger, que descreve a técnica moderna como um enquadramento que transforma o mundo em reserva quantificável (Ge-stell), reduzindo a abertura ontológica ao pré-determinado  e a filosofia da informação de Luciano Floridi, que descreve o processo da hiper-histórica como um estágio em que tecnologias de terceira ordem - que operam autonomamente - posiciona o ser humano como beneficiário externo a um ciclo de procedimentos. Essa convergência revela como a integração da tecnologia digital, desde os protocolos de Web mais antigos até o ecossistema da Internet of Things e as Tecnologias de Informação e Comunicação, podem reconfigurar a experiência cotidiana, encurtando distâncias geográficas, conectando pessoas, mas também homogeneizando interações e suprimindo o encontro com o outro. O objetivo central reside em refletir de que forma essas estruturas externas influenciam a dinâmica existencial, questionando como a tecnologia transforma a relação humana com o mundo, que potencialmente se dá de forma instantânea e planificada. A metodologia adotada é qualitativa teórica de estudo bibliográficos realizando uma articulação dialética de conteúdos sobre a técnica heideggeriana (Ge-stell) e a infosfera floridiana, na qual a técnica moderna dá-se através da ilusão de proximidade sem verdadeira proximidade (Nähe), a hiper-histórica engendra a vivência on-life, um mundo híbrido que se dá fora da dicotomia on-line/off-line. Considera-se que nesta relação há uma tensão na vivência tecnológica, na qual possibilita ao humano escapar de sua rotina o convidando para uma habitação mais atenta da infosfera, promovendo uma autocrítica acerca de suas próprias experiências