Mundos do trabalho e conservação dos recursos naturais no beiradão do Rio Amazonas

Autores

  • Roberta Ferreira Coelho de Andrade Universidade Federal do Amazonas
  • Antonio Carlos Witkoski Universidade Federal do Amazonas

DOI:

https://doi.org/10.29327/233099.12.1-5

Palavras-chave:

natureza, trabalho, beiradão do rio Amazonas

Resumo

O estudo versa sobre a relação que homens e mulheres estabelecem com os recursos naturais por meio do trabalho, buscando refletir sobre sua conservação a partir do desenvolvimento das atividades produtivas. A pesquisa foi realizada nas comunidades São Francisco do Tabocal, Jatuarana e União e Progresso, localizadas na margem esquerda do rio Amazonas, no beiradão do rio Amazonas, zona rural do município de Manaus. A investigação adota perspectiva quali-quantitativa, utilizando-se de entrevistas estruturadas e semiestruturadas, bem como de diários de campo e registros fotográficos, que serviram como fontes relevantes da investigação. A abordagem revelou que na realidade do beiradão do rio Amazonas, assim como em outras comunidades amazônicas, não há uma única atividade produtiva que permeie a vida dos moradores, ao longo do ano, em face da dinâmica do pulso de inundação do rio com as estações enchente/cheia e vazante/seca, o que “condiciona” homens e mulheres a atuarem de modo polivalente nas terras, florestas e águas de trabalho. Em razão disso, não falamos em mundo do trabalho, mas em mundos do trabalho. O trabalho, assim, em razão de sua centralidade, é o responsável direto e indireto pela produção e reprodução material e simbólica da vida, o que, nesse contexto, nos lembra de Woortmann (2004: 136): “camponeses são como que gerentes da natureza pelo trabalho, o que [nos] leva a outra dimensão da ética camponesa”. Os investigados relatam que, desde crianças, foram acostumados a trabalhar, até porque as atividades produtivas envolvem toda a unidade de produção familiar (CHAYANOV, 1974) e demandam a relação com a natureza. Como exemplo, podemos fazer referência à agricultura e à pesca. A agricultura, desenvolvida na unidade de produção familiar, permite a produção, o consumo e a venda dos produtos oriundos dela. A pesca não ocorre de maneira predatória, voltando-se primeiramente ao consumo e, depois, à venda. Os moradores não dispõem de técnicas resultantes de pesquisas científicas, mas possuem técnicas tradicionais, repassadas de geração a geração, que têm garantido um conjunto de bens que asseguram a vida, a conservação dos recursos naturais e, por que não dizer, a sustentabilidade, que extrapola a relação com a fauna e a flora, fazendo chegar à dimensão social, econômica, cultural.

Biografia do Autor

Roberta Ferreira Coelho de Andrade, Universidade Federal do Amazonas

Doutora em Sociedade e Cultura pelo Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA). Professora do Departamento de Serviço Social (DSS) da UFAM.

Antonio Carlos Witkoski, Universidade Federal do Amazonas

Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pprofessor associado do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS), Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) e Programa de Pós-Graduação Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPG/Casa).

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