FOUCAULT E A CRÍTICA AO SABERES: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO SUPERIOR

Autores

  • Marcos Murelle Azevedo Cruz Universidade do Estado do Pará - UEPA
  • Lena Claudia dos Santos Amorim Centro Universitário Leonardo da Vinci

Resumo

Este trabalho objetiva construir uma perspectiva teórica foucaultiana que esclareça as possíveis relações entre educação superior e a formação da consciência crítica, no âmbito da formação de professores. Indica uma representação de sujeito em passagem da condição de menoridade intelectual para uma condição de ator epistemologicamente emancipado. É verdade que não existe uma obra especifica de Foucault sobre a universidade, ou mesmo sobre a educação superior ou ainda sobre os prolongamentos de seus efeitos na prática pedagógica dos professores; apenas algumas referências pontuais como: Vigiar e Punir (1979) onde analisa o poder disciplinar e percorre as instituições educacionais; sobre a educação sexual em História da Sexualidade - A vontade de saber (1988) que analisa os mecanismos de uma pedagogia em torno da parrésia. Mas nada especificamente sobre a educação superior. Sabe-se, no entanto, que a relação saber-poder se tornou uma discussão recorrente em Foucault, sobretudo no que concerne aos espaços de produção de subjetividades, e da relação destes com os diversos modos de governamentalidade. Dessa forma, as discussões do autor em torno das formas de subjetivação e dos espaços de poder (verdade, sujeito) permite fazer uma análise entre a teoria e a universidade, lugar onde a relação saber-poder se dá dentro de espaços institucionalizados que materializam estruturas de poder, onde são produzidos discursos e regimes de verdade. Neste contexto, pretende observar o alcance da formação acadêmica como dimensão formativa de consciência crítica, e seus prolongamentos como práxis pedagógica do professor. Considera a consciência crítica como elemento importante na formação acadêmica do profissional da educação já que sua prática supõe uma dimensão formativa no processo educacional, no mesmo instante em que se relacionam com as interações sociais, com as relações com as instituições educacionais e suas hierarquias, com seus discursos, suas representações e seus regimes de verdade. Assim se constitui o problema da nossa pesquisa que busca responder de que modo podemos elaborar uma perspectiva teórica foucaultiana para uma prática pedagógica emancipatória; de como é possível observar esta perspectiva em sua prática pedagógica como dimensão social e política. Com o método teórico-interpretativo, mediante consulta bibliográfica, a pesquisa corrobora como as discussões anteriores em torno de uma epistemologia da educação superior (Foucault, 1987; Demo, 2004; Sobrinho, 2008) tornam possível afirmar que a universidade autodetermina seu mandato central de acordo as tendências gerais de uma determinada época. Que, portanto, a formação acadêmica precisa ser pensada a partir da prática libertária do professor, pois o conhecimento nunca foi uma questão somente de lógica, mas uma questão de poder, que precisa ser combatida por sujeitos politicamente engajados e epistemologicamente emancipados. E que a formação acadêmica, por sua vez, precisa ser pensada a partir da prática libertária do professor, e formar “sujeitos possíveis”, capazes de pensar por si mesmos.

 

Palavras-chave: Ensino Superior; Professor; Emancipação Epistemológica.

Biografia do Autor

Marcos Murelle Azevedo Cruz , Universidade do Estado do Pará - UEPA

Docente na Universidade do Estado do Pará

Lena Claudia dos Santos Amorim , Centro Universitário Leonardo da Vinci

Docente no Centro Universitário Leonardo da Vinci.

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Publicado

2021-01-01